PARTE 1
Nesta série, analisaremos os principais factores subjacentes à variação de preços dos painéis solares, explorando a evolução dos preços do silício, a crise energética, a sobreprodução, o armazenamento de energia, os custos logísticos e as políticas relevantes.
Começamos por analisar a evolução dos preços do silício (2010-2023)
📈. O silício, um componente essencial das células solares, tem registado flutuações significativas de preço ao longo dos anos. Mas não foi só o seu preço que mudou: houve também uma redução notável na utilização de silício por watt, o que aumentou a eficiência e a sustentabilidade dos painéis solares.
Um estudo do Fraunhofer ISE mostra que, desde 2004, a utilização de polissilício por watt de célula solar foi reduzida em cerca de 87%. Nesse ano, eram necessários 16 gramas de silício para produzir um único watt; em 2021, esse valor foi reduzido para pouco mais de 2 gramas. Este avanço diminuiu os custos de produção e reduziu o impacto ambiental, marcando um ponto de viragem na tecnologia solar.
2010: O preço do silício era de 50 euros/kg, num mercado em crescimento, com uma procura elevada e uma capacidade de produção limitada.
2011-2015: O preço desceu para 15 euros/kg, graças aos avanços na purificação do silício e à expansão da capacidade de produção.
2016-2020: A adoção em massa da energia solar e a melhoria da eficiência fizeram baixar o preço para 6,75 euros/kg.
Apesar de alguns aumentos, o preço estabilizou em cerca de 7,72 euros/kg devido à sobreprodução e à capacidade excedentária.
Estas alterações reflectem não só a evolução dos preços, mas também uma otimização da utilização do silício, que permite produzir mais energia com menos material, conduzindo a uma indústria mais eficiente e sustentável.